Portuguesa Carminho faz show na Sala São Paulo
Fonte: Fernanda Miranda – Lupa Comunicação
Fotos: Fernando Tomaz
Cantora e compositora faz show dia 26/08 na Sala São Paulo, com a Orquestra Jazz Sinfônica e participação do Silva
O novo álbum de Carminho, Portuguesa, fala sobre a identidade tanto do fado quanto da própria artista. A escolha do título resume a forma como a cantora olha para a poesia, para a palavra, para a língua portuguesa, como ela se percebe enquanto mulher, enquanto artista e, consequentemente, deságua na forma como lida e se doa ao fado. É nessa busca pelas palavras, pelas pessoas e por si mesma, que ela continua a praticá-lo diariamente.
Não por acaso, a primeira música, “O quarto (fado pagem)”, composição de Alfredo Marceneiro com letra da artista, representa essa busca por suas raízes e pelas origens do fado, estilo musical escolhido por Carminho, ou que a escolheu, ainda na infância. Com apenas 12 anos, Carminho cantou pela primeira vez no palco do Coliseu dos Recreios, em Lisboa, e ali descobriu pertencer ao fado. “Os meus amigos não entendiam por qual motivo eu cantava fado, mas foi graças a ele que pude criar uma identidade, onde fui ganhando confiança e assumindo quem eu sou”, conta a cantora. Dessa construção contínua, que envolve o velho e o novo, o tradicional e o contemporâneo, foi criado Portuguesa, sexto disco da fadista que está em turnê mundial, e aporta em águas brasileiras dia 26 de agosto, passando por cinco cidades: São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Ilhabela. O primeiro show da turnê, na Sala São Paulo, contará com os acordes sinfônicos da Orquestra Jazz Sinfônica e participação do cantor Silva.
Essa identidade que permeia suas músicas atravessa fronteiras geográficas e familiares. Filha da conceituada fadista Teresa Siqueira, Carminho nasceu no meio das guitarras e das vozes do fado, e ao longo da vida criou uma profunda relação com a música brasileira, que já lhe rendeu grandes amizades e parcerias com nomes como Chico Buarque, Caetano Veloso, Marisa Monte, Milton Nascimento, um álbum inteiro cantando Tom Jobim. “Algumas das minhas maiores referências são sem dúvida a minha mãe, as também fadistas Beatriz da Conceição e Amália Rodrigues, mas também outros artistas fora do fado como Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Caetano Veloso, Chico Buarque, Lou Reed, Leonard Cohen, os Beatles e Queen, comenta.
Carminho veio ao Brasil pela primeira vez aos 19 anos, e desde então vem criando uma relação de pertencimento com o país, com o povo e com a língua, que lhe é comum. “Cantar no Brasil para mim é cantar em casa, eu sinto-me em casa, sinto-me recebida. Tenho muitos amigos, tenho lugares onde vou porque já são meus de alguma maneira, também fazem parte da minha rotina e isso faz com que nós consigamos construir um universo nosso, onde não nos sentimos só visitantes, sentimo-nos parte. E é isso que eu sinto porque a língua nos abraça. Mas sobretudo porque tenho um olhar curioso e apaixonado pelo fado e por aquilo que tem acontecido com os meus concertos nas várias cidades por onde tenho passado. Fico muito orgulhosa e feliz.”
Mais recentemente, a fadista fez, em parceria com Marcelo Camelo, a música “Levo o meu barco no mar”, para o disco Portuguesa. “Marcelo Camelo é um dos compositores da língua portuguesa que eu mais admiro e que tive o privilégio de poder partilhar vários momentos de composição e de procura por uma canção. Na verdade, esta canção foi ele quem me enviou, porque sentiu que seria para mim. A construção do repertório tem a ver também com o gosto, com a linguagem, com o imaginário, não necessariamente precisa ser um fado tradicional na sua estrutura mais técnica. Há muitas canções que são fados reais, e para mim esta é um grande fado, não só pela forma como foi produzida, mas sobretudo pela essência que ela já tinha. Essência de superação e de persistência”, define a cantora.
“No canto escuro da noite /No seio desta madrugada
Sou esta canção e mais nada / Encontro um caminho pra ir
Levo o meu barco no mar”
(Trecho de “Levo o meu barco no mar”)
Para a artista, a música é um hino transatlântico, que conecta continentes, e é no caminho entre esses portos que ela tem interesse. Esse olhar para estilos musicais diferentes do fado fez com que ela adotasse novas referências no seu repertório, criando uma identidade única, que se comunica com diferentes gerações. “Acredito que a geração atual acaba acompanhando algo antigo através do que está sendo feito agora. Penso ser uma ponte, não o destino. Espero que a partir de mim os jovens passem a conhecer o que veio antes, o fado tradicional”, explica Carminho.
Portuguesa conta com 14 composições, várias com letras e músicas suas, entre outros autores. A compositora e intérprete assume a produção do álbum bem como a composição de fados tradicionais originais. Usa poemas de Sophia de Mello Breyner Andresen, David Mourão-Ferreira ou Manuel Alegre, mas também de Marcelo Camelo, Luísa Sobral, Joana Espadinha e Rita Vian. O trabalho gráfico foi realizado por Giovanni Bianco. “Tive a grande alegria de perceber que, na verdade, a maioria dessas canções foram escritas por mulheres, tenho muita admiração por todas elas”, comenta a artista.”
Datas da turnê no Brasil:
26/08 – São Paulo – Sala São Paulo – Orquestra Jazz Sinfônica e participação do Silva (ingressos esgotados)
30/08 – Porto Alegre – Teatro Bourbon Country
31/08 – Rio de Janeiro – Vivo Rio
01/09 – Belo Horizonte – Sesc palladium
02/09 – Ilhabela (SP) – Teatro Vermelhos
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