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  13 de janeiro de 2025

Galatea Salvador e Fortes D’Aloia & Gabriel anunciam “Corpos terrestres, corpos celestes”


Fonte: Edgard Silveira – A4&Holofote comunicação 

Fotos: Divulgação

Mostra propõe diálogo a partir de uma perspectiva contemporânea entre o artista Miguel dos Santos e as artistas Erika Verzutti, Gokula Stoffel e Pélagie Gbaguidi

Inaugurando o calendário de 2025, a Galatea Salvador une-se à Fortes D’Aloia & Gabriel, em parceria inédita, para inaugurar a mostra Corpos terrestres, corpos celestes. Com curadoria de Tomás Toledo, a coletiva propõe uma interlocução entre Miguel dos Santos (1944, Caruaru), representado pela Galatea, e as artistas Erika Verzutti (1971, São Paulo), Gokula Stoffel (1988, Porto Alegre) e Pélagie Gbaguidi (1965, Dakar), representadas pela Fortes D’Aloia & Gabriel. A abertura ocorre no dia 30 de janeiro e se alinha ao calendário festivo da cidade, que celebra Iemanjá no dia 2 de fevereiro.

Ao colocar Miguel dos Santos em diálogo com Verzutti, Stoffel e Gbaguidi, três artistas mulheres de repertórios distintos, a curadoria joga luz sobre a obra do artista pernambucano radicado em João Pessoa a partir de uma perspectiva contemporânea, criando justaposições entre a sua obra, sobretudo dos anos 1970 e 1980, e a produção recente das artistas convidadas.

O retrato é uma tipologia marcante na obra de Santos e reflete as suas diversas influências estéticas, como o Movimento Armorial, as máscaras da arte tradicional africana e a deformação formal de caráter expressionista. A partir desse interesse temático, a exposição toma a representação da figura humana na obra dos quatro artistas como fio condutor, explorando as deformações, transformações, transmutações e fusões de imagens do corpo. Dividida em seis núcleos, RetratosMáscarasCorpo fragmentoVênus-mãeCorpo celeste e Totens, a mostra percorre os pontos de convergência e fricção entre os trabalhos em pintura, desenho e escultura.

Miguel dos Santos (1944), Escravo da imaginação, 1980.  Crédito: Ding Musa / Cortesia do artista e Galatea

Curador e sócio fundador da Galatea, Tomás Toledo comenta a parceria com a Fortes D’Aloia & Gabriel e a abordagem da exposição: “Parte fundamental do projeto da Galatea Salvador é criar um espaço de trocas, de intercâmbio intelectual e cultural entre o Sudeste e o Nordeste e, nesse sentido, a parceria com a Fortes D’Aloia & Gabriel inaugura uma série de colaborações que pretendemos realizar com outras galerias. Nesta exposição, colocamos em diálogo com um artista nordestino, Miguel dos Santos, duas artistas do Sudeste, Gokula Stoffel e Érika Verzutti, junto com uma artista senegalesa, Pélagie Gbaguidi, investigando como diferentes tradições e contextos artísticos podem se entrelaçar em torno de questões comuns. Para além de celebrar as singularidades de cada artista, também buscamos abordar a obra de Miguel dos Santos em uma perspectiva ampliada, conectada às práticas artísticas globais na contemporaneidade”.

Gokula Stoffel, Pensando, 2020. Crédito: Eduardo Ortega Eduardo Ortega/ Cortesia da artista e Fortes D’Aloia & Gabriel

Márcia Fortes, sócia-fundadora da Fortes D’Aloia & Gabriel, discorre sobre as correspondências existentes entre Miguel dos Santos e Pélagie Gbaguidi, Gokula Stoffel e Érika Verzutti, representadas pela sua galeria: “As pinturas de Miguel dos Santos parecem retratos, imbuídas de um desejo escultórico latente. Ao passo que suas esculturas incorporam mistérios, como máscaras. Tudo em sua obra acontece naquele lugar além da realidade física e visível. É nesse território intangível que a obra de Miguel encontra os trabalhos de Pélagie Gbaguidi, de Gokula Stoffel e de Érika Verzutti. Ao mesmo tempo pintoras e escultoras, as obras dessas artistas imprimem formas do corpo enquanto emanam auras. A conversa entre todos os trabalhos flui naturalmente. O que temos aqui são quatro artistas transitando livremente entre corpos terrestres e corpos celestes.”

A parceria entre as galerias se dá no primeiro aniversário da Galatea em Salvador, e reforça o seu intuito de fazer da sede na capital baiana um posto avançado para galeristas e curadores no Nordeste, além de um ponto de convergência para intercâmbios e trocas entre artistas, agentes culturais, colecionadores e o público em geral. A chegada da galeria na cidade, em 31 de janeiro de 2024, vinculou-se a um momento em que o centro histórico de Salvador passou a receber diversas iniciativas de restauração dos seus edifícios emblemáticos e de recuperação da sua vida turística e cultural. Situado na Rua Chile, primeiro logradouro do Brasil, o Edifício Bráulio Xavier, onde se encontra a Galatea, traz em sua lateral o mural intitulado A colonização do Brasil, feito pelo artista Carybé em 1962, hoje tombado pelo IPHAN.

Durante o período da exposição, a artista senegalesa de origem beninense Pélagie Gbaguidi estará na capital baiana em residência no Pivô Salvador, aprofundando sua pesquisa sobre a herança afrodiaspórica na cidade, seus desdobramentos na cultura popular, na dança e na música, e a maneira como esse complexo histórico se relaciona com o colonialismo.