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  1 de junho de 2023

São Paulo abraça o pop psicodélicoe astral dos pernambucanos BabiJaques e Lasserre


Fonte: Mara Alice Veloso Rodrigues

Fotos: Divulgação

O casal pernambucano Babi Jaques e Lasserre é um duo nômade de músicas e artes visuais, que é
conhecido por circular de forma mambembe pelo Brasil. Vivendo em uma Van e carregando uma
carretinha que vira um palco, esse comboio colorido está circulando constantemente pelo estado de
São Paulo. Mas a relação desses pernambucanos com o estado de São Paulo vai além do trabalho.
Com um grande fluxo de shows pelo sudeste e maior parte de seu público residente em São Paulo, a
conexão do casal com essa região veio de antes de se lançarem como dupla artística. Há dez anos
atrás, a coleção (box) conhecida como “Caixa Preta”, com todos os CDs de Itamar, foi um presente
de namoro de Babi para Lasserre. Inclusive, eles se casaram religiosamente numa capela no Parque
da Jaqueira, em 2014, na cidade de Recife, Pernambuco, ao som de “Que tal o impossível” de
Itamar Assumpção. Nesse mesmo ano, competiram no Festival de MPB de Ilha Solteira (SP) e
levaram para Recife o troféu de terceiro lugar, com a música “A lágrima do palhaço”, uma
composição da dupla, que foi premiada em vários festivais da canção pelo Brasil. Nessa época, a
dupla circulava como uma banda chamada Babi Jaques e Os Sicilianos e com um grupo de artes
integradas chamado Coisa Nostra. Durante o começo desses trabalhos, contaram com o apoio de
Marcelo Jeneci, que era o anfitrião do casal em suas aventuras pela paulicéia.
Mas foi em 2015, que Babi e Lasserre, que assinam diversos trabalhos de músicas, cinema,
fotografia e luz, resolveram se dedicar exclusivamente ao projeto como um duo, com um álbum e
espetáculo que reuniria todas essas expertises no palco e nas ideias. Há 6 anos construindo a obra
“Sóis”, esses artistas multi-linguagem, podem comemorar hoje o nascimento do primeiro álbum
assinado como Babi Jaques e Lasserre, que está disponível virtualmente pelas plataformas de
streaming. Metade desses anos foram dedicados aos experimentos, gravações e adaptação de uma
Van Citroen Jumper e uma carretinha de carga para virarem uma casa e palco itinerante. Em 2019,
decidiram cair na estrada para amadurecer o show e o projeto, e assim, lançar o álbum no mês de
março do ano seguinte. Mas se você se lembra bem, março de 2020 foi o estopim da pandemia e o
sonho de muitos – inclusive o da dupla.
Quando a pandemia foi anunciada, Babi e Lasserre estavam em temporada por São Paulo. Em 2020,
estacionaram os planos de itinerância e residiram na sede da Mídia Ninja em São Paulo. De lá
fizeram várias lives, como o Festival Fica em Casa BR, onde foram apresentados pelo ex VJ da MTV
Luiz Thunderbird, que se surpreendeu com a apresentação e rasgou elogios ao vivo para a dupla:
“Babi Jaques e Lasserre! Que viagem! Lindo show delirante! Curti!”. Na Nave Coletiva, sede da Mídia
Ninja, que fica no bairro Cambuci, puderam produzir vários conteúdos audiovisuais, como os
videoclipes das músicas. A videoclipe da música ˜Cão guia” foi filmado e produzido em São Paulo,
utilizando cenários urbanos como o metrô e cenas no Bairro da Aclimação, além de uma intervenção
urbana, com uma instalação na madrugada no Minhocão, onde luzes e tecidos imprimiam as
metáforas do clipe que é uma videoarte de protesto em prol da libertação da mulheres.
Videoclipe: Cão guia – Babi Jaques e Lasserre feat Sofia Freire
https://www.youtube.com/watch?v=CPrzR9U_pi4
Após a temporada na capital paulista, Babi e Lasserrre se mudaram para o interior do estado, na
cidade de Serrana (SP) em 2021, para produzir vários trabalhos da banda de Blues Mississipi Devils.
A dupla se isolou com integrantes da banda por 8 meses e produziram álbuns, clipes, 8 sessões
audiovisuais e diversos conteúdos para o grupo paulista. Devido a demanda do trabalho, criaram
uma sede da produtora da dupla, Quânticos Atos Criativos, na cidade de Ribeirão Preto. De um ano
pra cá, Babi e Lasserre já passaram por várias cidades do estado. Além de shows na capital paulista,
passaram por Ilhabela, Ribeirão Preto, Franca, Mirassol, Presidente Prudente, Araras, Sertãozinho,
Mogi Guaçu, Araraquara e Cardoso. Além disso, o primeiro show após o lançamento do álbum, será
no estado de São Paulo, se apresentarão no Festival Forró da Lua Cheia (Altinópolis, SP) no sábado,
dia 10 de junho, dividindo a programação do evento com Lia de Itamaracá, Ney Matogrosso, Siba,
Daniela Mercury e outros artistas. Em seguida, se apresentam em julho no Festival Arte Serrinha em
Bragança Paulista e farão em breve uma ocupação nos espaços da funarte na capital paulista.
A obra do duo nômade Babi Jaques e Lasserre é um convite para uma viagem astral por sons
contemporâneos do norte e nordeste brasileiro, conectados com a música do mundo e o cosmos.
Esse casal pernambucano que fez da sua casa um palco itinerante para divulgar suas músicas
autorais, compartilhou finalmente suas canções no dia 2 de junho, através do álbum “Sóis”,
disponível em todas as plataformas de streaming de música. Lançado todo de forma virtual, o álbum
tem distribuição da ALTAFONTE, empresa responsável pela distribuição de artistas como Gilberto
Gil, Tribalistas, Baianasystem, Marina Sena, Bala desejo e outros.

Composto por 12 músicas, cada uma influenciada pelos arquétipos do zodíaco e seus elementos,
“Sóis” é uma obra que conecta tudo e todos em sincronia. Segundo Lasserre, “Sóis” pensa em cada
indivíduo como um ponto de concentração de luz. “Cada um tem o seu sol, cada um tem o seu brilho.
Todos brilhamos”. Numa jornada na busca pelo autoconhecimento e resiliência, após uma crise de
pânico vivida por Lasserre, o duo se conectou com o conceito de sincronicidade de Jung e mergulhou
na astrologia. A partir daí, organizaram as canções pensando nos arquétipos e símbolos do zodíaco.
Curiosamente na sinastria do casal (junção de dois mapas astrais) o sol e o ascendente estão em
leão (signo regido pelo sol), acompanhados pelo Planeta Vênus e Marte, reforçando a forte
personalidade artística da dupla. “Sóis” é um álbum de luz e sombras, assim como reforça a
mensagem da música “O Fugitivo”, parceria com o compositor pernambucano Juliano Holanda.
A pesquisa entre a relação som e luz foi para além do álbum. O show-experiência do duo hipnotiza o
público com seus efeitos de luz, que foram programados por Lasserre para surgirem em sincronia
com as músicas. Parte da iluminação é acionada pela dupla pelos controladores (teclados), onde
leds, focos, raios laser e fumaças, junto às canções, criam uma atmosfera lisérgica e transcendental.
Através dessas experiências que disseminam suas músicas pelo Brasil, montando seu palco
itinerante por diversas cidades do país, realizando shows independentes e autorais, capturando o
público que os assiste em seu “Palco Hacker”. Com um pop tropical que incorpora influências do
manguebeat e da psicodelia nordestina, a dupla cria um universo sonoro próprio, repleto de
encantamentos, que levam o público a um estado de transcendência em seus shows-experiência. A
brasilidade contemporânea é bastante presente nas músicas, com letras poéticas que celebram a
cultura e natureza do Brasil, além de explorar de forma sensível e autêntica questões sociais. Unindo
elementos eletrônicos e orgânicos, a instrumentação do álbum inclui beats, sintetizadores e
percussão como berimbau, atabaque e tambor falante, além de violão e ukulele. O resultado é um
som autêntico, com sotaque pernambucano que nos envolve em um universo de luz e calor, como
um verdadeiro sol.