Na Páscoa – Dica do especialista: chocolate faz bem à saúde
Fonte: Andrea Simões – VS Press Comunicação
Foto: Divulgação
Se os irresistíveis ovos de Páscoa – dos básicos aos mais gourmetizados – não podem faltar à mesa, como aproveitar cada pedacinho destas delícias e ainda ter benefícios para saúde?
As dicas são do Prof. Dr. Durval Ribas Filho, médico nutrólogo, endocrinologista e presidente da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia.
Chocolate faz bem à saúde?
O chocolate é rico em vitaminas, esteróis, fosfolipídios, alcaloides e polifenóis, que apresentam efeitos antioxidantes, anti-hipertensivos, anti-inflamatórios, antiaterogênicos e antitrombóticos. Proporciona sensação de bem-estar; contribui para a saúde cerebral; pode reduzir o estresse, aliviar dores e melhorar o fluxo arterial.
Mas é preciso atenção. Os mais consumidos possuem uma baixa concentração de cacau, onde há os principais benefícios do chocolate. Para se obter um sabor menos amargo – próprio do cacau – a maioria dos ovos concentra maior teor de açúcar e gorduras e, por isso, perde parte de suas propriedades, favoráveis para a saúde, e aumenta seu índice calórico.
Há um chocolate mais saudável?
Sempre dependerá da concentração de cacau.
Amargos e meio amargos – No amargo a concentração é entre 60% e 85% de cacau; o meio amargo contém, de 40% a 55%. Os amargos – a partir de 70% – pelo seu maior teor de cacau, são fonte de antioxidantes e fibras. Geralmente levam pouco ou nenhum leite, pois quanto mais leite, maior a chance de se ter gordura saturada, que é prejudicial à saúde. São elaborados com menos açúcar, gordura e sódio. Os dois tipos são ricos em magnésio, ferro e selênio e aliados da circulação sanguínea, do bom colesterol (HDL) e podem contribuir na redução do apetite e aumento do metabolismo.
Ao leite – Está entre os preferidos por sua cremosidade e ser mais doce. Mas por conter menos cacau em sua fórmula, traz menos benéficos à saúde.
Branco – É produzido a partir da manteiga do cacau. Por isso, é mais calórico que os outros tipos. Seus benefícios estão na característica de não possuir cafeína, em sua composição, e oferecer mais energia para o corpo.
Ruby – Apesar da cor, não é um produto que leva corantes. É produzido a partir de um tipo de cacau, cuja fruta possui sementes na cor rosada, resultado do ambiente do cultivo, como condições de umidade, temperatura e exposição ao sol, que dão esta característica peculiar à matéria-prima. Tem despertado muito interesse dos chocólatras, apesar de não ser fácil de ser encontrado e ter um preço mais elevado. Menos doce, possui 47,3% de cacau – semelhante a um chocolate meio amargo e sua quantidade de gordura é de cerca de 36%, próximo ao chocolate branco. É rico em ácido cítrico, antioxidantes e fonte de vitaminas A e B.
Há chocolates para diabéticos, intolerantes e veganos?
Para as pessoas com restrições alimentares, como os diabéticos, os que possuem intolerâncias a glúten, à lactose ou veganos há chocolates à base de soja – produzidos com extrato de soja 100% vegetal e sem adição de lactose e pouco sódio.
Outra opção é a alfarroba, fruto de uma árvore nativa da costa do Mediterrâneo. É saudável e menos calórica, tem cor parecida a do chocolate – marrom escuro – e sabor adocicado. É semelhante a uma vagem de feijão, de onde se extrai a polpa, que é torrada e moída para obter o pó utilizado em substituição ao cacau.
As diferenças de conteúdo nutricional, em relação ao cacau, são a ausência de estimulantes, como a cafeína e teobromina e um baixo Índice Glicêmico. Tem em torno de 0,7% de gordura e açúcares naturais como sacarose, glucose e frutose e é isenta também de lactose e glúten. Já o cacau apresenta cerca de 23% de gordura e 5% de açúcar.
Quais aspectos do rótulo deve-se ficar atento?r preferência aos chocolates com menor índice de gordura, açúcar e carboidratos. Apesar de existirem muitas opções de chocolates diets, que não contém açúcar na formulação, não significa, necessariamente, menor quantidade calórica, pois alguns destes produtos possuem maior teor de gordura. É essencial conferir o teor energético e todos os ingredientes do produto: açúcares, gorduras, fibras e sódio.
Quanto consumir?
A palavra de ordem é moderação. O ideal é uma pequena porção diária, de cerca de 30 a 40 gramas, de preferência por opções com alto teor de cacau, a partir de 70%, pois este consumo equilibrado pode contribuir para elevar a serotonina e, consequentemente, a sensação de bem-estar no organismo, reduzindo a ansiedade.
Na Páscoa este controle nem sempre acontece. Por isso, o consumo merece atenção. A privação, não apenas do chocolate, mas de vários alimentos, pode gerar uma compulsão posterior por influenciar numa descompensação psicológica, em especial nos diabéticos, pelo risco de afetar o controle da doença. Não precisa se privar do prazer de consumir chocolate, desde que tenham uma dieta equilibrada e glicemia sob controle.
Os excessos fazem mal?
O maior risco está relacionado ao consumo exagerado. O ideal é ter cautela. A ingestão de muita gordura, açúcar e leite – base da maioria dos chocolates – traz prejuízo, principalmente, para o funcionamento adequado do fígado e pode causar sintomas como náuseas, refluxo, diarreia, dor de cabeça, no estômago e mal-estar por alguns dias. Estes distúrbios digestivos são as principais queixas quando se exagera no chocolate. É preciso lembrar que a vida continua no pós-Páscoa.
O que fazer se exagerei?
O recomendado é uma alimentação mais leve, com muitas frutas, verduras e legumes, evitando carnes vermelhas e reduzindo o consumo de pães, massas, biscoitos – fontes de carboidrato simples – optando por carboidratos complexos, como a batata-doce. A boa hidratação também é fundamental, após se comer muito chocolate.
Posso me viciar em chocolate?
Um risco que merece atenção é quando as pessoas passam a consumir grandes quantidades de alimentos, inclusive o chocolate, de forma exagerada, mesmo sem ter fome e sem a necessidade de ingeri-los, e podem até comer escondido, para saciar seus desejos.
O descontrole – não apenas do consumo de chocolates, mas de outros alimentos – pode gerar uma dependência e um quadro de compulsão alimentar, um transtorno ligado à saúde mental, desencadeando gatilhos emocionais como tristeza, medo, ansiedade e alegria.
Como não ultrapassar os limites?
- Tente não se guiar pelo impulso de consumir chocolate em excesso, mesmo numa confraternização familiar ou comemoração como a Páscoa.
- Fique atento aos rótulos: ingredientes e quantidades. Opte pelo com menor teor de açúcar, gordura e carboidrato e maior de cacau, mesmo nas versões diet e light.
- Se ganhar muito chocolate, consuma algumas porções e congele as que sobrarem. Assim sua Páscoa durará mais tempo.
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