Yearbook Casa Vogue 2023 traz bate-papo com André Corrêa do Lago
Fonte: Nádia Fischer – a4eholofote Comunicação
Fotos: Victória do Lago e Erik-jan Ouwerkerk
Primeiro brasileiro a integrar o júri do Prêmio Pritzker, o diplomata está no centro das discussões sobre como tornar as construções e as cidades mais sustentáveis
Às vésperas de assumir a pasta da Secretaria de Clima, Energia e Meio Ambiente (SECLIMA), o diplomata André Corrêa do Lago é destaque em reportagem do Yearbook Casa Vogue 2023, que este ano ganha capa dura e impressão premium, convertendo-se em um item de colecionador.
Além de especialista em sustentabilidade, o diplomata é um apaixonado por arquitetura, área em que atua como crítico, curador e escritor. Inclusive, foi o primeiro brasileiro a participar do júri do Prêmio Pritzker. Autor de “Oscar Niemeyer, uma Arquitetura da Sedução” (BEI Editora, 2007) e curador do Pavilhão Brasileiro na Bienal de Arquitetura de Veneza em 2014, André fala sobre os tipos de construção que podem melhorar o dia a dia das pessoas. Abaixo, alguns trechos da entrevista:
Qual o papel da arquitetura residencial na formação do repertório brasileiro? Superimportante e nossos arquitetos são mestres no assunto desde os anos 1930. A casa modernista brasileira antecipou um jeito de viver mais informal, que se espalhou pelo mundo todo e perdura até hoje. É uma casa aberta, voltada para o jardim, com muita luz natural e materiais aconchegantes, como a madeira. Essas características resultam em projetos incríveis, desde a Casa das Canoas, do Oscar Niemeyer, até os mais recentes, criados por Isay Weinfeld, Marcio Kogan, Paulo Jacobsen, Thiago Bernardes e tantos outros.
Nas últimas décadas, assistimos à proliferação dos condomínios fechados no mercado imobiliário, tanto verticais como horizontais. Quais são as consequências dessas grandes áreas muradas para a vida nas cidades? A questão da segurança é uma tragédia nacional e dá origem ao terror de sair às ruas. Por isso, as classes mais altas optam por viver em condomínio, que faz as vezes de bairro, e passear em shopping, substituto da praça. Acontece que esses locais não são espaços públicos de verdade porque excluem parte da população. O antídoto seria devolver a cidade para as pessoas. Infelizmente, toda metrópole brasileira está diante desse desafio e a situação só será revertida com um grande investimento em segurança.
Como as cidades podem contribuir para o combate às mudanças climáticas? Buscando ideias sob medida para seus problemas. Em Roma, hoje circulam microônibus elétricos, quase sem ruído. As ruas de lá são mínimas. Se passasse um ônibus grande e barulhento, os moradores iriam odiar. Casos assim mostram a necessidade de ouvir a população. Mas as soluções não podem ser localizadas demais. A cidade precisa ser vista como uma entidade que inclui todos os seus espaços e habitantes. Juntar diferentes faixas de renda na mesma vizinhança atualmente é considerado algo essencial.
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